Tuesday, January 29, 2008

É preciso amar.

Boa Tarde.

Bom, agora que saiu o resultado do vestibular eu me sinto um passo à frente na caminhada para ser um jornalista.Pelo menos já garanti meu lugar no curso.Mas não quero falar sobre isso hoje.


Nas últimas semanas, eu pude observar como as pessoas são frágeis quando expostas aos "terremotos" sentimentais que todos passamos na vida.O instinto natural e animal de todos os seres é viver dentro de uma proteção, que nos defende de tudo: do clima, dos outros animais, das doenças e dos diversos riscos que sofremos, em todos os sentidos.Com os sentimentos não é diferente, estamos sempre nos protegendo uns dos outros, com a vaidade, com a falsa auto-exposição, com a criação de uma personalidade forçada, que serve de plataforma para a convivência na sociedade.Não estou dizendo que essa personalidade não faça parte de nós, é óbvio que também somos o que "fingimos" ser.O que quero dizer é que às vezes levamos isso tão a sério que passamos a vida inteira escondendo o amor que sentimos pelos outros, o carinho que temos por algumas pessoas, e isso nos torna rudes, grosseiros e até mesmo indiferentes, quando isso não é de fato o que somos.É um fato que todos nós sentimos amor, e vejo muita gente que não parece sentir.Não PARECE.
É claro que não é fácil abrir o seu coração dessa maneira para tudo e todos, e nem é essa a reflexão que eu proponho.As pessoas, como eu já disse, podem ser muito grosseiras, e quando se recebe uma pontada dessas de coração aberto, a dor é insuportável.Esse é o terremoto sentimental.Todo o ambiente treme, e você se sente incapaz de fazer qualquer coisa pra acalmar o coração e poder parar pra pensar no que fazer, só sente uma dor que parece incurável, uma impotência diante do mundo e a percepção clara de que você é um fraco.Mesmo com toda a proteção, mesmo com todo o fingimento, quando atingido direto no coração, qualquer um sofre, chora e não pode fazer nada que faça passar a dor.Tenho que concordar com o dito, somente o tempo cura as feridas.Com o tempo vamos endurecendo de novo, criando de novo as nossas proteções, pensando em não se meter em outra situação igual, em não sofrer de novo a mesma coisa.
A fragilidade está em todos, sem exceção.Toda proteção leva, automaticamente, à percepção do ponto fraco.Todo forte sabe onde pode ser atingido, e só resta a ele a violência ou a indiferença para proteger o seu segredo.Eu acredito que, após sofrer uma decepção sentimental, seja ela amorosa, de amizade ou de qualquer outro gênero, a única coisa que se pode fazer é digerir a dor, esperar que ela passe, pensar em outras coisas, parar para refletir um pouco sobre essa auto-proteção, sobre a sua personalidade, afinal, esses momentos nos colocam dentro de nós mesmos de uma forma muito intensa, como nunca havíamos sentido antes.Toda dor de coração nos arremessa pra dentro do peito, como se fosse necessário estar perto do coração durante esse sofrimento, essa decepção.
Não vou mentir para quem está lendo, e quebrando toda a impessoalidade que eu preservo(ou pelo menos tento preservar) por aqui, eu digo: tenho passado por esse sentimento.Eu senti o meu chão cair como nunca tinha sentido antes, e meu coração se espatifar em muitos pedaços.Estou tentando recolocar as peças, mergulhei demais dentro de mim, e isso me fez escrever, ler, e pensar mais ainda do que já penso.O que na verdade me fez falar sobre isso aqui no blog (o que era algo que eu não pretendia fazer) é que esse sentimento realmente me impressionou.Chega a ser tão intensa a decepção e a incompreensão do que está acontecendo, que dói de verdade, no corpo, como a dor de uma pancada.O despedaçar dos sentimentos tira todo o planejamento, toda a proteção, e toda a esquematização que fazemos dos nossos dias.Tudo simplesmente se perde, e parece automaticamente sem sentido, sem motivo, e ao mesmo tempo extremamente necessário, imprescindível.Amar alguém e perder é como querer desesperadamente uma coisa que não serve mais pra nada.É como viver atrás de uma parede sem portas que você precisa atravessar e não consegue.Amar e perder é sofrer sabendo o motivo sem saber o porquê.
Acho que é importante perceber as proteções que temos para vencê-las, e nos tornarmos pessoas mais sinceras.Claro que essa é só a minha opinião, não quero impor nada a ninguém, todos podem agir da maneira como acham melhor.Mas o que eu percebo cada vez mais nas minhas observações sobre as pessoas é que andamos muito decepcionados com as nossas atitudes.São provas disso as corrupções pequenas e grandes do dia-a-dia, as decepções, as traições que sofremos, as incompatibilidades que levam a pequenas brigas de quintal, depois se transformam em confrontos de bairros, brigas de gangues, confrontos políticos e daí para as guerras não demora muito.Quando se sofre a perda do amor, é possível ver como ele ainda é necessário no mundo, já dizia o velho Russo, "é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar pra pensar, na verdade não há."Se retirarmos um poucos as nossas carapaças, as nossas grosserias diárias, as rudezas que parecem tão necessárias, talvez possamos formar uma sociedade não necessariamente melhor, mas ao menos mais evoluída e mais sincera.
Por fim, eu fico feliz em perceber que ao perder o chão, ao perder um amor, eu percebi o quanto ainda preciso dele, e o melhor de tudo: o quanto ainda quero precisar dele.Daria qualquer coisa pra que essa dor toda fosse embora, mas quero guardar o que aprendi com o meu mergulho dentro do meu coração.É realmente imprescindível amar, impossível de se livrar, e enquanto não aprendermos a lidar com os nossos sentimentos reais, com as nossas próprias verdades, seremos pessoas fingindo, marionetes do nosso próprio medo das pessoas e do mundo como um todo.É preciso ser um herói de honrada coragem para amar de verdade, sem medo.Na vida, todos lutamos para sermos heróis de alguém, seja ele um pai, um filho, um amigo, ou um amor.Estou vendo, amigos, que para ser alguém, é preciso saber amar.De verdade.

Boa Tarde.

Quanticum.