Friday, August 08, 2008

A Anti-Expressão.

Boa Tarde.

São tempos de psicodelia dentro de mim. Há algum tempo comecei a conceituar algo que percebi e que intitulo de "anti-expressão". A quebra da expressão rotineira, é algo como uma contra-cultura aculturada. É a fuga do ideal "comum" de percepção do ambiente e dos objetos á sua volta para a criação de um novo conceito, ter a cabeça em branco para inserir idéias diferentes. Desde pequeno, eu sempre fiquei confuso com o ideal de certo e errado, de bom e ruim na rota da humanidade. O que pode ser considerado realmente certo ou errado? Eu acredito que tudo depende da ótica sobre a qual se observa o espaço, da mente que pensa no conceito que está sendo criado ou modificado, das circunstâncias que rodeiam um acontecimento qualquer. Na verdade, a beleza do universo fica exatamente na noção de que a informação nunca se repetirá, sempre haverão novos conceitos surgindo, que não são idéias mais certas ou mais erradas, mas simplesmente novas idéias.
Me impressiono com a quantidade de coisas que surgem todos os dias. A quantidade de pessoas, de pensamentos, de caminhos, decisões, objetivos, falhas, sucessos. São tantas pequenas matrizes produzindo tantas novas energias a todo segundo... Me faz pensar que a nossa noção de tempo é realmente muito infantil, a nossa escravidão diante da passagem dos segundos, das horas, dos dias, dos meses.. Não é o tempo que nos faz, nem nós o fazemos. Somos parte de um sistema que funciona, funciona tão perfeitamente que em alguns momentos..baila. O universo é tão perfeitamente consistente que pode se dar ao luxo de ser, nos pequenos momentos que vivemos, levemente inconsistente (ou eu deveria dizer... duvidoso?). Existem tantas infinitudes de outras cabeças universo afora fazendo com que tudo que existe continue existindo, que nós nos damos ao benefício da dúvida como escudo para aquilo que não compreendemos. Quem somos nós para sermos céticos, para termos certeza alguma diante da magnitude de um sistema tão matemático e ao mesmo tempo tão fluido?
Ter o seu cérebro "em branco" é se privar de pensar condicionadamente, sem praticar a auto-coerção social. É perceber o seu lugar em espaços cada vez maiores, cada vez menos regrados de forma massificada, mas sim preservando para cada um a sua individualidade, a sua capacidade de inserção de informação na matriz universal em que vivemos. Quem somos nós na verdade, se dentro de cada espaço agimos de forma diferente? A busca da percepção voa muito além da sua rua, dos seus amigos, do seu bairro, da sua cidade. A sua percepção deve seguir-se expandindo, nunca regredindo, nunca se condicionando. Sempre buscando em tudo que te passa aos olhos uma forma de expandir a sua forma de observar, a sua forma de perceber, de viver.
Todo ser humano vem ao mundo com uma capacidade energética de transformar conceitos existentes em novos conceitos, não importando em qual escala ele age. Todos nós acordamos pela manhã e pensamos coisas novas, estão explodindo a todo momento alguns pensamentos que nunca ninguém teve, somente você. Surgem sempre conceitos que levam consigo uma ótica nunca antes experimentada, a sua ótica. Como eu disse, nós não somos feitos alguns melhores
do que outros, somos feitos todos igualmente capazes. É a capacidade de percepção que faz com que se possa perceber que não há certo e errado, bom ou ruim. Todo conceito é como uma tela, que pode ser para sempre modificada e modificada, se tornar infinitas telas, basta que cada um dê uma nova pincelada.
A "anti-expressão" é a capacidade de amplificar a percepção para poder observá-la, é colocar em questão exatamente essa dúvida que nós tomamos para dentro de nós. Descobrir que tudo pode ser certo como pode ser errado, e que é necessário perceber o sistema como um todo, e não apenas os detalhes que podemos, de forma medíocre, comparar com outros conceitos existentes na sociedade e julgá-los. Os seres humanos tem como arma primordial o sofisma quando entram em questão os julgamentos, os preconceitos, as visões do mundo. Ás vezes é acomodativo demais comparar duas coisas diferentes que levam em si conceitos similares. Só porque um conceito é flexível não quer dizer que pode-se tomar para si uma das suas facetas e dizê-la certa ou errada.
Mais do que se expressar, eu diria que é necessário se anti-expressar. Perceber que a expressão existe e sobrepôr a sua barreira conceitual fixa do condicionamento e da massificação, para atingir um nível superior onde a idéia não está seguindo padrões, mas está descobrindo e criando novos ideais. Talvez as nossa frustrações diante do mundo e das dúvidas que temos se tornem menos intensas se entendermos que somos todos capazes de direcionar um conceito, de transformar a energia que nos rodeia. O homem é triste quando pensa que está sozinho no mundo. É feliz, porém, quando percebe que faz parte dele.

Boa Tarde.

Quanticum.