Tuesday, January 30, 2007

Por um mundo mais alegre.

Boa Noite.

Uma pequena narrativa, só por inspiração mesmo.

Uma criança rabisca num papel, sentada, no quintal de uma casa.Uma casa grande, 4 quartos, cozinha, piscina e todas as besteiras que as crianças gostam.Uma senhora de cabelos grisalhos, senta na cadeira de balanço e observa a bela criança, sentada na grama, concentrada naquele pedaço de papel.Existe uma concentração tão grande naqueles olhos, naquele papel, que parece que a qualquer momento, os dois vão sair voando, planando pelos ares, rasbicando os céus, com desenhos coloridos e disformes, de cabeças grandes e pernas finas.Os cabelos louros e cacheados brilham junto com o sol, como se conversassem.O que essa criança pensa?O que será que existe em sua mente, no que será que pensa?Nesse mundo em que nós vivemos, em que pensamos tanto, em tantas coisas num mesmo segundo, é impressionante ver um pequeno ser, pensando em apenas fazer o seu desenho, o seu rabisco, ele significando algo ou não, sem se preocupar em ganhar dinheiro, chegar em casa em tempo para o jantar, acordar cedo no outro dia ou marcar algo pra fazer á noite, existe apenas ela, e o desenho.

A senhora começa a pensar no seu tempo de criança.Nos seus desenhos, seus rabiscos, seus pensamentos.O pensamento a carrega para diversas visões do mundo que a rodeava, e que a rodeia.Ela consegue se ver, sentada no jardim de sua casa, ainda pequena,de cabelos castanhos, nos ombros, e um sorriso no rosto.Enquanto faz o seu desenho, coloca a sua mente de menina no papel, enquanto sua mãe a observa, tricotando, sentada numa cadeira.Um cachorro está deitado no chão, observando os seus movimentos, de olhos preguiçosos.Enquanto observa aquela cena, a senhora pensa em como era bom ser criança, como foi bom ter vivido tudo isso, como a vida, de fato, é boa.Voltando para a cena, ela se vê andando até sua mãe, com o papel, falando "olha mamãe, o que eu desenhei, olha!".No papel havia uma desenho da forma de sua mão, pintada em vermelho vivo, com tinta.Sua mãe observa o desenho e sorri, enquanto a menina alegre faz carinho no cachorro, correndo pelo jardim e rindo, aquele sorriso que apenas as crianças sabem dar, e que derrete qualquer coração, arranca qualquer sorriso.

Nesse momento, a velha senhora abre seus olhos.Está sentada em sua cadeira, foi tudo um sonho.Não um sonho, foi uma visão, e que visão.Ela observa de novo o seu quintal, e percebe que a menina não está mais ali, desenhando.Ao se virar para procurá-la, a vê no portão, fazendo carinho num cachorro, de pêlo marrom-claro."Vovó, você acordou?Olha só esse cachorrinho, que bonito!"- disse a menina.A senhora sorriu, pensou no cachorro que havia visto enquanto dormia, no quintal, até que os dois eram parecidos."Sim, é muito bonito!" - disse a senhora.A menina trouxe o cachorro para dentro do quintal, pegou um pedaço de papel e mostrou-o á sua avó, sorrindo.Uma lágrima desceu pelo seu rosto.O desenho da menina era uma forma de sua mão, pintada em tinta azul.A menina, ao ver sua avó chorando, sorriu e foi ao quintal correr com o cachorro.

"Ora, se todos somos pessoas, se todos somos ciclos, todos somos um pouco experientes, um pouco inocentes, somos todos crianças, e agimos como tal."
Talvez seja a hora de melar as mãos e pintar um mundo mais alegre, não?

Até.

Quanticum.

Friday, January 19, 2007

A Clockwork Orange - Homem x Mente.

Bom dia.

Acabei de assistir Laranja Mecânica, do Stanley Kubrick.Existem considerações tão fantásticas no filme, sobre o poder da mente e a essência humana, que eu precisei vir escrever aqui, no blog.

O filme conta a história de um jovem, que transita em duas situações: Na primeira, é um jovem violento, psicótico, e ao mesmo tempo inteligente, digamos, esperto. Na segunda, um jovem apático, fraco, á beira de um ataque fatal ao menor sinal de violência.Tudo isso por causa da perda de sua selvageria, sua loucura, sua condição natural de ser humano animal.

O que o homem possui, que pode ser maior do que os outros animais, digo, qual o diferencial?Os homens não podem voar, não tem a melhor visão do reino animal, não se locomovem muito rapidamente, não tem brânquias, não tem garras.Os únicos diferenciais do homem são a capacidade de criar, e o sentimento de medo que pode causar em outros animais, ou até mesmo no próprio homem.Nós podemos ser os mais rápidos, os mais fortes, os mais temidos, criando, ou matando.

Quando esse diferencial é tirado de Alex, o mesmo se torna um homem em branco.Seu instinto, sua essência violenta enquanto homem, era o que fazia com que ele fosse, de fato, um homem.O cérebro sofre, no filme, uma descarga tão violenta de informações, de medos, e de imagens estranhas, que entra em estado de congestão, causando em Alex náuseas, enjôos, sempre que se referem aquilo que instiga o seu instinto humano.O cérebro bloqueia a informação com essa dor interminável, no momento em que ela é acionada.Laranja Mecânica mostra a briga do homem contra o seu próprio cérebro.Uma luta impossível, interminável, e extremamente dolorosa.

Talvez o homem não seja evoluído, e talvez nunca poderá ser tão evoluído ao ponto de perder seus instintos, ou até mesmo conseguir sobreviver da maneira que Alex sobrevive.Laranja Mecânica mostra também o quanto o ser humano pode ser um animal primitivo, no momento em que sua proteção, seja ela a violência ou qualquer outro sentimento é retirado do mesmo.É uma reflexão profunda sobre a nossa condição natural, será que somos mesmo tão intocáveis, tão seguros das nossas qualidades, tão fortes?De acordo com Kubrick, não somos.Em alguns momentos, nosso próprio corpo nos mostra isso.O cérebro humano é um elemento valiosíssimo, que nos proporciona a possiblidade de criar e de compreender certas coisas de maneiras diferentes, talvez nem sempre certas, mas diferentes.Essa é a nossa grande qualidade, a capacidade de pensar em uma coisa de diversas maneiras, sob várias óticas.Porém, uma das grandes características do homem, na minha opinião, é a instabilidade.Se existe a qualidade e possibilidade da criação, existe também a da destruição.E, a depender do estado em que nos encontramos, podem ser muito mais desastrosas, e é nesse momento que entram os nossos instintos.O "elemento destruição" é o que impera em Alex, e que imperava também em Beethoven, esquizofrênico, e talvez por isso combinem tão bem juntos.A loucura está presente no cérebro, tanto quanto está a genialidade e a inteligência.O louco não é desequilibrado, é apenas instintivo, e por isso é incompreendido.

Todos nós somos um pouco loucos, um pouco gênios, um pouco inteligentes, quando alguém é mais algumas coisa, sempre atrai a atenção.Alex é como Kubrick, um louco genial, que bebe leite em vez de álcool, e usa sua mente no estado mais instintivo possível.Qualquer homem retirado de seu estado natural sofre sequelas incalculáveis.E a mente, elemento central de toda trama, e de qualquer homem, está novamente presente.

Bom Dia.

Quanticum.

Wednesday, January 17, 2007

As bilhões de maneiras de se escovar os dentes.

Boa Noite.
Desculpem a demora pra postar..

Uma grande virtude das pessoas, hoje em dia, é a capacidade de aproveitar cada circunstância, de poder perceber o que cada lugar tem a oferecer, escondido nos olhos das outras pessoas, nos cartazes na parede, no letreiro colorido, até mesmo no piso quebrado.Muitas vezes, o medo de observar, de interagir com o espaço, faça com que esses sentidos se tornem opacos, escuros.Tudo depende do modo como se vê cada coisa, cada lugar.

Todas as cores que nós enxergamos, por exemplo, são apenas interpretações do nosso cérebro, que recebe a luz, que não tem cor, calcula a sua frequência e define qual a cor que corresponde a ele.Cada luz tem sua cor definida pela frequência com a qual chega no nosso cérebro.Existe exemplo maior da relatividade das coisas do que esse?

Eu acho que existem medos, anseios e receios que cada circunstância ou lugar nos imprime, fazendo com que a nossa visão de determinada coisa deforme a mesma..É mais ou menos o que citei no texto das diversas realidades, na verdade o que se vê não é o real, é só o que se pensa ser o real.Só que o pensamento humano é tão torto, tão turvo, que as definições são ás vezes, absurdas.

Eu pensei muito nesse tema quando estava em um ônibus, com uns amigos, e vendo como a reflexão e a observação das coisas podem modificá-las.Cada coisa tem uma forma, uma cor diferente, a depender da circunstância, e da interpretação que damos a ela.Por isso que dizem que depois que se compra um carro, ou uma roupa, você os vê com muito mais frequência na rua, nas pessoas.O cérebro assimila exatamente o que já existe, o que não é estranho, até que se procure conhecê-la.Quantas milhões de pessoas passam pela rua, na nossa frente, e nós não lembramos?Quantas coisas acontecem, quantos sons ouvimos, quantas cores vemos, quantos momentos observamos acontecer e não nos damos conta?É absurdamente incalculável a quantidade de coisas que acontecem a cada fração de segundo.

E nós damos tanta importância á nossa vida, nosso ciclo social, nossas atividades diárias, porque essa é a nossa vida, do nosso jeito, sob a nossa visão, e ninguém nunca poderá vê-la exatamente como o "executor" de sua própria vida enxerga.Quantas pessoas escovam os dentes todo dia, pela manhã?Todas as pessoas que escovam os dentes, escovam com um jeito, um quê diferente.Se todas as pessoas(que estão vivas) do mundo dormem e acordam, existem mais de 6 bilhões de maneiras de se acordar.Existem mais de 6 bilhões de maneiras de se pensar!Existem bilhões de maneiras de se ver todas as coisas..

Espero que possam entender..eu vejo tudo claro, como água.
O mundo é feito da maneira como vemos as coisas, todas as coisas só me carregam até essa conclusão.

Boa noite

Quanticum.

Monday, January 01, 2007

As diversas realidades do mundo.

Boa Noite.

Mais uma reflexão do fundo da cabeça me arrebentou com violência os neurônios: As diversas realidades do mundo.O que vem a ser a realidade, de fato?Não há modo, ao meu ver, de definir a realidade como algo concreto, sólido, palpável.Vejo a mesma como uma projeção de cada mente, cada pensamento.Não é possível diferenciar uma realidade de outra porque cada uma é única, não se pode explicar o que se vê, só se pode dizer, baseado em convenções, palavras comuns a cada realidade, o que se observa, ou parte do que se observa.

Todas as nossas características, desejos, anseios, medos, tudo se imprime na realidade que vemos a todo momento em nossas vidas.Será que essas "características" modificam o nosso modo de ver as coisas? As pessoas com anorexia são um ótimo exemplo disso.O que leva uma pessoa a se ver de determinado modo, se ela não é daquela maneira? Isso é, claramente, uma distorção da chamada realidade.O medo em ser gordo, ou ser feio, distorce a maneira como uma pessoa com anorexia vê as coisas.Tudo bem, a anorexia é uma doença, não é um estado são, mas isso não vem tanto assim ao caso.Outro exemplo: Uma pessoa que tem um terrível medo de baratas.Essa pessoa ao ver uma barata, teria uma visão completamente diferente de uma pessoa que não tem medo algum,para quem a barata seria somente um inseto.Nós, humanos, não conhecemos os limites das nossas mentes, o que ela é capaz de fazer com o nosso corpo.O centro do corpo, na minha opinião, é a cabeça.Se a "realidade"é algo assim tão disforme, tão abstrata, tão sem controle, será que a mesma existe?Ou será que existe uma criação individual dos objetos e sentidos que nos rodeiam?

Eu gosto de pensar que as mentes vibram.Em "frequências", ou alguma palavra mais adequada.E que as realidades são fruto das vibrações, que se propagam em desejos, cores, sentimentos, pensamentos.E as vibrações parecidas definem a afinidade das pessoas.Os artistas tem arco-íris nos olhos, os pensadores levam o mundo nos olhos.Afinal, o que poderia ser melhor pra definir o mundo do que os nossos desejos?O mundo é do jeito que cada um vê, da maneira que a mente de cada pessoa vibra, é a maneira como gosto de pensar, como desejo pensar, e como penso no mundo.Qual a sua vibração?O que você pensa, e como pensa, define a pessoa que você é.

Boa Noite

Quanticum.