Monday, September 01, 2008

O par reação-ação e as dúvidas conceituais humanas.

Boa Tarde.

Eu tive algumas experiências muito boas esse mês, e acho que vale a pena relatar o que eu tirei delas. Nem tudo, é claro, foi bom. Por algum motivo eu acho que esse foi um mês de sentimentos diversos, meio confusão no moinho. Vou pôr pra fora o que der pra pôr.

Nesse mês eu percebi realmente como algumas coisas podem entrar em conflito no seu pensamento, ás vezes os acontecimentos formam conceitos na sua cabeça que se chocam com outros conceitos que você já formou, e ficam á procura de uma decisão, enquanto você não sabe direito o que pensar, e só o que fica é uma eterna dúvida dentro da sua cabeça. Ás vezes a sua forma de olhar ao seu redor simplesmente fica um pouco embaçada, como se estivesse se modificando, aos poucos, tomando uma forma diferente, como uma reavaliação do seu próprio ser.
Eu acredito que a sua mente começa a formular os seus pensamentos baseado nas sensações. Se houver uma sensação muito intensa, algo que te acontece que te deixa muito sensibilizado, ou que te choca de uma forma muito forte. Na minha opinião, as nossas ações são determinadas pelas nossas reações. Quando entra-se em contato com algo e há uma reação natural, simplesmente incontrolável e intrínseca do seu ser em relação á essa determinada coisa, forma-se naturalmente uma opinião padronizada. Só se é possível pensar, por exemplo, sobre uma cadeira, quando se vê e compreende o que é uma cadeira. Quando acontece uma reação aos fatores constituintes daquilo: o tamanho, a cor, a forma, para que serve, entre outros.
Eu estou utilizando exemplos bem concretos pra facilitar a compreensão, mas é importante perceber que na verdade todas as coisas ás quais nós estamos expostos produzem esse par reação-ação, por assim dizer. Não são só os objetos, mas as pessoas, os lugares, as músicas, as pinturas, simplesmente tudo que existe. Mesmo aquelas coisas que sempre existiram e existem e que nós não conhecemos, não conseguimos ainda conceituar. Aquilo que não se enxerga também causa uma reação, mas não se tem consciência disso. Produzem também um sentimento, que fica , no entanto, mergulhado no seu inconsciente, e pode aparecer a qualquer momento. Geralmente aparecem quando a sensibilidade é aumentada, quando a percepção se expande, em momentos de emoção, de embriaguez, de felicidade e/ou tristeza extrema. Quando o fio da consciência torna-se mais flexível.
É muito interessante para mim pensar que são os nossos sentimentos que indicam os nossos atos, e não o caminho contrário. Ás vezes penso que a sociedade está voltada conceitualmente para o outro lado, de que as coisas são criadas e após isso produzem reações. A questão é que para que algo possa ser criado, já é necessário que tenham havido reações, ao modelo que representa. Na verdade, antes de se tornarem concretas, todas as coisas provém de um sentimento abstrato e inicial. O ser humano tende a pensar que tudo que ele cria é independente do ambiente que o cerca, quando na verdade toda criação é parte de uma matriz de compreensões. Nada é independente no mundo em que vivemos, tudo é uma ramificação, uma resultante. Todas as pessoas vêm, obrigatoriamente, de outras pessoas.
O ser humano tem a capacidade de criar para si objetos relativos, que não atendem à uma dualidade do que é bom e do que é ruim. Simplesmente são. Como somos todos diferentes entre si, chegamos a conclusões distintas. O ser humano sozinho não tem capacidade de julgar as coisas por corretas ou incorretas, por isso baseia-se em leis, em códigos que TENTAM unificar esse pensamento. Mas será mesmo que esse pensamento pode ser unificado? Quero dizer, o caminho da humanidade é a unificação da opinião geral concentrada em uma só matriz de pensamento? Eu penso que quanto mais penso nisso, menos entendo. Sei que o homem pode simplesmente escolher aceitar-se da maneira como é e continuar vivendo, sei que ninguém estabeleceu ao homem nenhum objetivo. Foi o próprio ser humano que estabeleceu. Quero dizer, não há no que se basear para dizer que o homem precisa viver de uma forma uniforme, ninguém nos disse para fazer isso e estabeleceu um porquê, não há uma regra de convivência dada para nós pelo universo. É possível simplesmente aceitarmo-nos como seres que caminham junto ao universo e todas as coisas, não buscando objetivos ou formas de significar a nossa existência, baseado na noção de que na verdade nunca poderemos compreender tudo, pois não vivemos tempo o bastante, não temos essa capacidade mental, ficamos eternamente fechados aos nossos sistemas relativamente fechados onde sobrevivemos. Não há respostas no ar para nós, apenas perguntas.
Por outro lado, penso que talvez o homem tenha pensado num sistema que favoreça a todos, se todos estiverem inseridos nele. Talvez nós estejamos apenas trilhando um caminho tortuoso para uma unificação do nosso pensamento, direcionada para a não-violência, para a não-obstrução da particularidade de cada um, enfim, para um ideal comum. A abstração dos valores como dinheiro, posse, ganância, violência. Talvez se o homem não tiver mais na sua instrução básica valores tortos de comportamento, baseados num sistema torto de comportamento, possa perceber um caminho uniforme.

Ainda não estabelecei uma opinião sobre isso. Tenho apenas perguntas a me fazer, e estou em extremo conflito interno por causa dessas questões. Confusão no moinho.

Boa Tarde.

Quanticum.

Friday, August 08, 2008

A Anti-Expressão.

Boa Tarde.

São tempos de psicodelia dentro de mim. Há algum tempo comecei a conceituar algo que percebi e que intitulo de "anti-expressão". A quebra da expressão rotineira, é algo como uma contra-cultura aculturada. É a fuga do ideal "comum" de percepção do ambiente e dos objetos á sua volta para a criação de um novo conceito, ter a cabeça em branco para inserir idéias diferentes. Desde pequeno, eu sempre fiquei confuso com o ideal de certo e errado, de bom e ruim na rota da humanidade. O que pode ser considerado realmente certo ou errado? Eu acredito que tudo depende da ótica sobre a qual se observa o espaço, da mente que pensa no conceito que está sendo criado ou modificado, das circunstâncias que rodeiam um acontecimento qualquer. Na verdade, a beleza do universo fica exatamente na noção de que a informação nunca se repetirá, sempre haverão novos conceitos surgindo, que não são idéias mais certas ou mais erradas, mas simplesmente novas idéias.
Me impressiono com a quantidade de coisas que surgem todos os dias. A quantidade de pessoas, de pensamentos, de caminhos, decisões, objetivos, falhas, sucessos. São tantas pequenas matrizes produzindo tantas novas energias a todo segundo... Me faz pensar que a nossa noção de tempo é realmente muito infantil, a nossa escravidão diante da passagem dos segundos, das horas, dos dias, dos meses.. Não é o tempo que nos faz, nem nós o fazemos. Somos parte de um sistema que funciona, funciona tão perfeitamente que em alguns momentos..baila. O universo é tão perfeitamente consistente que pode se dar ao luxo de ser, nos pequenos momentos que vivemos, levemente inconsistente (ou eu deveria dizer... duvidoso?). Existem tantas infinitudes de outras cabeças universo afora fazendo com que tudo que existe continue existindo, que nós nos damos ao benefício da dúvida como escudo para aquilo que não compreendemos. Quem somos nós para sermos céticos, para termos certeza alguma diante da magnitude de um sistema tão matemático e ao mesmo tempo tão fluido?
Ter o seu cérebro "em branco" é se privar de pensar condicionadamente, sem praticar a auto-coerção social. É perceber o seu lugar em espaços cada vez maiores, cada vez menos regrados de forma massificada, mas sim preservando para cada um a sua individualidade, a sua capacidade de inserção de informação na matriz universal em que vivemos. Quem somos nós na verdade, se dentro de cada espaço agimos de forma diferente? A busca da percepção voa muito além da sua rua, dos seus amigos, do seu bairro, da sua cidade. A sua percepção deve seguir-se expandindo, nunca regredindo, nunca se condicionando. Sempre buscando em tudo que te passa aos olhos uma forma de expandir a sua forma de observar, a sua forma de perceber, de viver.
Todo ser humano vem ao mundo com uma capacidade energética de transformar conceitos existentes em novos conceitos, não importando em qual escala ele age. Todos nós acordamos pela manhã e pensamos coisas novas, estão explodindo a todo momento alguns pensamentos que nunca ninguém teve, somente você. Surgem sempre conceitos que levam consigo uma ótica nunca antes experimentada, a sua ótica. Como eu disse, nós não somos feitos alguns melhores
do que outros, somos feitos todos igualmente capazes. É a capacidade de percepção que faz com que se possa perceber que não há certo e errado, bom ou ruim. Todo conceito é como uma tela, que pode ser para sempre modificada e modificada, se tornar infinitas telas, basta que cada um dê uma nova pincelada.
A "anti-expressão" é a capacidade de amplificar a percepção para poder observá-la, é colocar em questão exatamente essa dúvida que nós tomamos para dentro de nós. Descobrir que tudo pode ser certo como pode ser errado, e que é necessário perceber o sistema como um todo, e não apenas os detalhes que podemos, de forma medíocre, comparar com outros conceitos existentes na sociedade e julgá-los. Os seres humanos tem como arma primordial o sofisma quando entram em questão os julgamentos, os preconceitos, as visões do mundo. Ás vezes é acomodativo demais comparar duas coisas diferentes que levam em si conceitos similares. Só porque um conceito é flexível não quer dizer que pode-se tomar para si uma das suas facetas e dizê-la certa ou errada.
Mais do que se expressar, eu diria que é necessário se anti-expressar. Perceber que a expressão existe e sobrepôr a sua barreira conceitual fixa do condicionamento e da massificação, para atingir um nível superior onde a idéia não está seguindo padrões, mas está descobrindo e criando novos ideais. Talvez as nossa frustrações diante do mundo e das dúvidas que temos se tornem menos intensas se entendermos que somos todos capazes de direcionar um conceito, de transformar a energia que nos rodeia. O homem é triste quando pensa que está sozinho no mundo. É feliz, porém, quando percebe que faz parte dele.

Boa Tarde.

Quanticum.

Tuesday, June 17, 2008

Entrar em contato.

Boa Tarde.

Tarde fria em São Paulo. Acordei tarde de novo, e sinto que preciso escrever algo. Um cd do Pink Floyd, um chocolate e dedos velozes. É tudo que eu tenho, e por enquanto tudo que eu preciso.

Já falei muito sobre vibrações, energias e frequências entre as pessoas aqui no blog, eu acho inclusive que todos os posts daqui falam, indiretamente, sobre isso. Afinal, a energia que estabelecemos, transmitimos e recebemos é o grande laço que a humanidade tem consigo mesma, e é o que a faz continuar existindo, é o que nos dá vontade de acordar todo dia pela manhã e levantar da cama. Nós vivemos recebendo e transmitindo informação a todo momento, produzindo novas idéias a partir de velhos ideais, é a nossa motivação na busca de descobrir quem nós somos, de onde viemos e para onde vamos. Mesmo que não descubramos (e provavelmente não iremos) durante toda a nossa vida.
Eu sinto que a percepção dessas vibrações que perambulam pelo ar me faz ver cada vez mais como cada pessoa se organiza dentro da sociedade, como os grupos se formam e se desformam, como as pessoas formam uma atmosfera densa no lugar onde estão quando se juntam, como se cada pensamento se tornasse parte do conjunto de pensamentos de todos, mesmo que ninguém diga nada. É engraçado perceber como nós nos ligamos com pequenas ações que aparentemente não significam tudo que significam. Nós entramos em contato uns com os outros muitas vezes sem saber a força do contato que estamos estabelecendo. Ficamos muito amigos de algumas pessoas e de outras não, muitas vezes sem saber o motivo.
Ás vezes temos muita dificuldade em lidar com algumas coisas por não nos permitir enxergar além da forma como a vemos, não nos permitimos usar todos os nossos sentidos para entender não somente o que aquilo É, mas o que representa dentro do tempo e do espaço. Tudo tem, dentro de si, um segredo que não está escondido ou inalcançável. Não é a coisa em si que impede que nós a sintamos, mas sim a nossa própria incapacidade de perceber além da superficialidade que criamos para todas as coisas. Tudo foi tornado, de certa forma, facilmente perceptível pela sociedade, o que impede a nossa visão da energia que cada coisa tem. A energia do que existe, quando percebida, torna-se uma extensão do nosso corpo, da nossa existência. De certa forma acrescenta-se á nossa própria energia, e é quando isso acontece que somos capazes de descobrir a melhor forma de lidar com esse objeto, a melhor forma de senti-lo, e assim ficamos, muitas vezes, apaixonados por ele.
No questionamento de quem nós somos, precisamos aprender também a entrar em contato com a nossa própria energia, da mesma forma como entramos em contato com tudo. O grande erro da sociedade é começar a se enxergar da forma como enxergamos as coisas que existem ao nosso redor: superficialmente. Na minha opinião, nós precisamos, cada um com cada um, mergulhar dentro de nós mesmos e tentar entender o porquê das nossas reações diante do que nos rodeia. Para mim é importante viver a vida com compreensão de quem você é e como você reage ao espaço e ás outras pessoas, essa é a nossa defesa contra os vícios, contra a falta de foco, é o que te ajuda a ser você mesmo e evoluir enquanto um ser humano, e não viver sem perceber a profundidade das coisas.
Como eu sempre digo em quase todos os textos do blog, tudo que vai aqui é a minha opinião, não estou impondo nada a ninguém. Eu acho que existem duas formas imprescindíveis de perceber o mundo: uma é olhando para fora, e a outra é trazendo o que está fora olhando para dentro de si mesmo. Os seus questionamentos, as suas vontades, os seus desejos e as suas repulsas, só você mesmo pode perceber, e ninguém mais. Não é inteligente, para mim, transferir os seus desejos para o que existe fora de você sem conhecer realmente o que você pensa. Ao fazer isso torna-se uma marionete da simplicidade e da praticidade do mundo. Como eu disse, é importante entrar em contato com tudo, mas para mim é preciso ter conhecimento de quem você é e da sua opinião sobre aquilo antes de mergulhar em seja lá o que for.

(Uma música linda que me arrepia: Remember a Day - Pink Floyd)

Boa Tarde.

Tuesday, June 10, 2008

A garota que eu (não) conhecia.

Boa Noite.

Vou contar uma história. Uma história interessante, que precisa ser compreendida de uma forma mais sensitiva do que perceptiva, pois cada palavra significa muito mais do que o seu sentido bruto. É mais uma história de duas massas disformes separadas no espaço que se encontram. O que vem deles dois acaba sendo muito pouco, mas o que nos interessa é o que vem de cada um deles. Eu ouvi essa história de um livro que achei num velho baú no depósito da minha casa. Prestem atenção.
Ela acorda.Acende um cigarro e após algumas baforadas o atira pela janela, sem se lembrar quantos fumou, durante quanto tempo, quantos minutos de vida perdeu, quantas risadas ganhou.Pensando aos poucos, deitada no beliche(na cama superior) de colcha vermelha e almofadada, refletiu que se durasse ao ser humano mais de 1 segundo para elaborar um pensamento, seria possível viver em inércia pensando no próximo segundo.Quando o pensamento estivesse no fim da sua conclusão, e fosse possível, enfim, descobrir que havia um novo segundo surgindo...puf! Acaba-se o segundo, e o próximo segundo já será outro segundo, com suas novas particularidades.Loucura.
Sacode os cabelos castanhos lisos e longos, joga-os para trás despretensiosamente, e com menos preocupação ainda prende-os, sabendo que se soltarão assim que seu dedo soltar a presilha.Cabelos rebeldes são um problema cheio de charme.Toda aquela beleza carinhosa e limpa que carrega nos cabelos, nos olhos castanhos, no rosto branco e nas bochechas com algumas pequenas sardas, só quem enxerga são os outros.Ela nunca se achou boa, nunca se achou nem capaz de fazer coisa alguma.Todos os seus amigos sempre balançavam a cabeça ao ouvirem seus comentários, e quando alguém a conhecia e comentava sobre o seu auto-pessimismo, todos diziam: "ela é assim mesmo, não liga..".
Eu a conheci de verdade há algum tempo atrás, ela havia acabado de voltar de viagem. Na verdade ela já me encantou, desde a primeira vez que a vi, quase três anos antes de termos nos conhecido de fato.O sorriso, o olhar, os cabelos.. Eu ficava como bobo, olhando ela passar com as amigas, dando risada e conversando.Conhecia suas calças jeans, o jeito de usar o cinto, sobrando um pouco no final, o seu all-star desbotado, até alguns jeitos de prender o cabelo eu sabia. Conforme o tempo passava e eu não conseguia chegar perto dela, fui fingindo esquecê-la um pouco, pois outras pessoas entraram na minha vida, e devido à inatingibilidade que ela tinha para mim, eu preferia não me arriscar a me aproximar assim, eu podia assustá-la. Mas eu sabia que no tempo certo, ia acabar conhecendo-a, de uma maneira ou de outra.
As complicações e descomplicações da vida sempre fazem com que sentimentos escondidos por nós mesmos acabem se mostrando em passos lentos, como um movimento geológico, uma pequena falha de pressão, que aos poucos vai soltando, soltando até se abrir completamente. Me convenço cada vez mais que nós somos pequenas formas geológicas, e que por dentro nós temos diversos processos que demoram pra acontecer, assim como temos piscares de olhos, rápidos, contínuos e necessários. Essas acomodações do espaço, tanto do meu lado quanto do dela, foi o que fez com que eu, repentinamente, deixasse de ser somente eu e ela deixasse de ser somente ela. Não tenho mais certeza de nada do que aconteceu, hoje em dia tudo me parece muito embaçado, somente a lembrança já me traz confusões que não valem a pena...ainda.
Ainda deitada na cama, com o seu cachorro de pelúcia que ocupa metade da cama, ela tentava se levantar de alguma forma, mas a preguiça que sentia lhe empurrava de volta para os travesseiros. Ela não se importava em ficar sozinha, era uma espécie de fuga que tinha para si mesma sempre que as coisas se complicassem no mundo de fora, o que para ela acontecia com certa frequência. Já havia percebido isso antes, e sempre achei um tanto curioso: ela era como um sabonete nas mãos das outras pessoas, sempre que fosse apertada ou acuada, "zip!" escapava, sem deixar rastros no chão, mas ás vezes um buraco no coração de alguém. Não posso deixar de admitir que é um jeito esperto de se viver, sofre-se pouco. Mas eu não conseguiria. Talvez mais tarde eu viesse a perceber que realmente, ela não se importava muito comigo, desde o começo, e foi só o meu desejo que fez com que ela se encantasse. Talvez, mais tarde, eu percebesse que eu é quem tinha criado toda uma situação, cheia de vontades e de contradições complexas, e que ela achou divertido ou peculiar se envolver nisso. Provavelmente depois ela achou que poderia sair assim, sem problemas. Sempre foi assim, porque não seria agora? Ou quem sabe até ela poderia se entregar de cabeça mesmo, e as coisas aconteceriam naturalmente! Segundos depois eu refleti e percebi que não, isso ela não deixaria acontecer. De jeito nenhum.
A minha última reflexão parece ter sido exatamente o que eu ouvi da sua própria boca enquanto chorava, sentado numa cama num lugar longe de qualquer conforto sentimental. Não consigo esquecer dela me dizendo pra pensar um pouco mais nela e menos em mim, naquele momento. Será que eu é que estava fazendo tudo isso comigo mesmo? Será que eu é que tinha armado pra mim mesmo uma armadilha psicológica, e ela só estivesse dentro dela por ter sido escolhida por mim, como uma boneca que se escolhe numa loja? E se eu é que tivesse uma enorme dificuldade de lidar com as pessoas que gosto, ao ponto de me convencer de que elas são loucas e eu sou normal? Acho que só essa idéia já me faz um pouco louco, não? Brr. Calafrios.
Meu cigarro acabou, e agora eu, deitado na minha cama, longe de alguns confortos sentimentais, mas não tão longe quanto estava daquela última vez, encontro uma carta numa caixa. Uma carta que tinha escrito pra mim mesmo há algum tempo atrás e que havia esquecido completamente, na época ela me parecia angustiante demais, ao ponto de não valer a pena esmiuçar e acabar chorando de novo. Eu vou lendo diversas vezes as mesmas palavras até compreendê-las por completo, e enquanto as leio, vou concluindo e desconcluindo, decidindo com suposições, e supondo que as decisões mudam a todo tempo.
Será que ela valia mesmo a pena? É fato que foi muito bom tê-la, conhecê-la, tocá-la, e sentir a todo tempo que ela estava ao meu lado, mesmo sabendo que ela, de fato, não estava. Ela era o sabonete, ela sempre escapava. Mesmo mergulhando fundo e compreendendo tudo sobre ela, eu sabia que havia uma parte que ela não me deixaria ver, ou tentar compreender. O instinto de escapar sempre era mais forte. Fico cada vez mais convencido de que ela gostava muito pouco de mim, e talvez isso tenha feito com que ela pesasse os lados e decidisse que escapar valia mais a pena. Só que ela nunca vai saber se teria valido a pena! Isso me incomoda como um zumbido dentro dos tímpanos. Ela escolheu, talvez por ser mais fácil, por ser menos sofrido...para ela. Quando eu percebi, o meu cigarro tinha apagado ao mesmo tempo que o dela, e por alguns segundos, eu vi que poderíamos ser a mesma pessoa, poderíamos ter sido a minha loucura com a vontade de escapar dela. Um tentando ser normal, e o outro tentando permanecer no lugar. Quite a couple, han?
O que eu sei, por fim, é que loucura ou não, eu sempre gostei muito dela. Desde o começo, quando eu ainda não era louco, e ela provavelmente já tinha aprendido a escapar. Hoje, é isso que me faz pensar que ela não era só uma coisa de dentro da minha cabeça. Mesmo antes da minha cabeça saber quem ela era, eu já a adorava, secretamente. Ela foi como uma criação rebelde que pus num papel e que perdi o controle, mesmo sem nunca ter estabelecido nenhum tipo de controle. O que me deixou angustiado, depois de muitos cigarros, muitos beliches e muitos bichos de pelúcia que ocupam metade da cama, é que eu sempre a deixei escapar, pois sempre achei que era melhor assim. Não tive vontade de prendê-la a mim, e não me arrependo de não a ter prendido. Hoje eu vejo que ela é como aquele segundo que nunca acaba. Quando você acha que compreendeu, ela vai escapar das suas mãos sem dificuldade, e sem pensar no que aquilo vai fazer em você, que está tentando segurá-la. Eu não tentei segurar, mas mesmo assim levei uma pancada, afinal, o que ela sentia sempre foi o que importou. Essa é a história da garota que eu nunca conheci.

Boa Noite.

Sunday, May 11, 2008

Realizar o impossível.

Boa Noite.

São 2:35 da madrugada. Eu não tenho sono nenhum, e como tem bastante tempo que eu não escrevo nada aqui, resolvi vir dar uma espanada nas teias de aranha. Me descobri um criador notívago, as minhas idéias fluem mais á noite.

Nos últimos dias minha cabeça não tem funcionado direito, e me deixado na mão, com um monte de coisas pra dizer e um papel que insistia em permanecer em branco. É como se as idéias não estivessem querendo sair de dentro de mim ainda, como se ainda houvesse alguma coisa que eu preciso viver para que elas pulem pra fora, como sempre fazem. Talvez seja um processo de aprendizado interior, talvez seja só o mundo que resolveu ficar mais sem-graça essa semana, ou talvez quem sabe eu não queira mesmo escrever coisa alguma, e não to conseguindo me convencer disso, por causa do que eu chamaria de "congestão informacional interna". Não acho que ninguém fique muito feliz quando sofre disso.
Vou tentar explicar uma coisa que acontece muito frequentemente comigo. Ás vezes, na vida, as coisas acontecem de forma meio mágica, como se você já fosse prever que determinada coisa acontecesse, mesmo sem saber das chances ou das consequências. São simplesmente pequenos lampejos inconscientes que existem e que chegam ao limiar entre a consciência e a inconsciência, que é exatamente o momento onde nós a captamos, se formos capazes de fazê-lo, percebendo sensivelmente o espaço, as vibrações e as pessoas ao nosso redor. Eu acredito que isso seja fruto das informações que absorvemos e que não alcançaram a esfera consciente, ficando apenas guardadas na subjetividade dos sentidos. O nosso cérebro percebe todas as mudanças de frequência que recebemos, desde as mais perceptíveis (uma imagem, um som) até coisas das quais não nos damos conta (olhares, pensamentos, vibrações) mas que estão, também no ar, de diversas formas diferentes e causando diversas reaçoes.
Então, quando acontecem fatos que nos impressionam, nos assustam ou até mesmo nos confirmam os nossos sentimentos, significa que estamos simplesmente pensando. Rotineiramente, repetidamente e seguidamente. A questão é que a capacidade sensitiva humana ainda não permite que ele se conheça a esse ponto, a não ser que a "exercite" da forma como achar melhor. A estagnação que o sistema organizacional da sociedade implantou às pessoas parece ter eliminado a evolução do auto-conhecimento e da reflexão, e pior do que isso, a vontade de absorver conhecimento. A expansão da mente é a única maneira de percepção daquilo que ainda não conseguimos perceber conscientemente. Tocar, olhar, cheirar ou escutar um objeto não significa compreendê-lo totalmente, nem perceber a sua vibração no ambiente. A própria noção de que os sentidos limitam a percepção já coloca a mente fora da pragmatização daquilo que pensamos e sentimos, e leva a uma visão panorâmica do todo.
O homem deve, em sua escolha natural pelo conhecimento, sempre retornar á sua matriz e refletir sobre como tem entrado em contato com os seus sentidos e com os sentimentos que o rodeiam, do contrário será apenas uma pequena engrenagem do sistema, necessária, porém descartável. É fato que há vibrações que não percebemos, e que nos modificam como qualquer outra vibração que nos chegue aos sentidos. Somos seres em constante movimentação e recriação, e na minha opinião é inegável que a informação deve ser absorvida cada vez mais intensamente, aumentado a perceptibilidade e a capacidade de compreender o mundo a que estamos expostos. O conceito de inatingibilidade é limitado à esfera de compreensão humana, que eu percebo não ser completa, de forma alguma. Talvez, se for possível perceber mais, seja possível realizar o impossível.

(Tudo o que eu digo aqui é a minha opinião. Não há certeza alguma nas minhas palavras, a não ser o que eu considero, no momento presente, conceitos plausíveis. Isso não quer dizer que qualquer um tenha de concordar com isso.)

Boa Noite.

Quanticum.

Thursday, April 03, 2008

Universo de Dentro.

Boa Tarde.

Amigos, tem sido difícil escrever prosa. Eu vou dizer o motivo no texto, mas eu ando escrevendo poemas e mais poemas. É meio contra a minha vontade colocá-los no blog, mas acho que com o tempo colocarei uns aqui. O texto ficou meio complicado de entender, mas está aí.

Eu queria muito conseguir dizer tudo o que sinto. Acho que essa é uma das frases que quem escreve diz, pelo menos eu digo bastante quando confronto o papel e sinto aquele vazio entre aquilo que estou pensando e o impulso de começar a escrever, é um enorme abismo em que as coisas não se se sucedem, e muitas vezes caem num esquecimento nada confortante. Eu sinto nesse momento um encantamento dos mais fortes por uma pessoa, ela não me sai da cabeça, e eu já não sei mais direito o que fazer com toda essa explosão de sentimento dentro do coração. Já senti isso antes, mas tem coisas que o seu coração sente sempre como se fosse a primeira vez, a agonia é a mesma, eu continuo me vendo o mesmo encostado no travesseiro sem conseguir dormir, pensando no que eu vou fazer para dar um caminho pra esse sentimento. Eu gostaria de escrever milhões de poemas sobre isso, mas não consigo, pois sei que tudo que eu escrever será igual demais ao que eu já escrevi sobre esse sentimento, eu preciso de algo que me dê um diferencial de informação, como algo que eu pudesse falar que me parecesse original, e assim conseguisse desenvolver alguma coisa com um significado mais real, mais confortante, e que servisse de fato como válvula de escape. A complicação maior é que a sensibilidade fica sempre á flor da pele, logo tudo aquilo que se apresenta falando da paixão e do desejo, faz o encantamento subir cada vez mais alto e explodir como fogos de artifício dentro dos meus olhos.
De forma geral, esse abismo existe com tudo o que escrevo, ás vezes não é tão dilacerante como esse sentimento de estar encantado por alguém, mas faz de mim outra pessoa também, de outras formas. Eu gosto muito de escrever sobre a própria dúvida que sinto diante do mundo e das coisas, e se a maneira como eu penso realmente é plausível ou se vivo enganando a mim mesmo com sentimentos que eu penso serem "certezas" dentro de mim. Acredito que não há certezas dentro de mim nem de ninguém, não há como definir determinada situação ou ação como certa, existe apenas a opinião, a percepção individual. Eu tenho conhecido muito o que chamo do universo de dentro, que é o que representa uma das faces desse abismo que sinto bastante. O universo de dentro é uma das esferas de percepção do mundo que nós temos, e que se mostra muito sensível e ao mesmo tempo muito complexo, de difícil compreensão e até mesmo alcance, como se fosse um verdadeiro labirinto. Sinto alguns progressos na translocação de uma percepção para a outra, e sinto que isso pode trazer pra mim algumas idéias muito interessantes, alguns estalos ainda desconhecidos na minha cabeça que sempre tive, desde quando comecei a minha jornada, e sinto que eles aumentam cada vez mais, na medida em que vou penetrando e tentando descobrir mais sobre o universo de dentro. Sinto que moram aqui segedos sobre mim mesmo e sobre a minha visão de mundo que eu desenvolvi e não consegui perceber a solidez da estrutura de pensamento que formou a pessoa que eu sou, com as minhas conclusões. Eu posso dizer que o meu universo de dentro está me conduzindo mais profundamente para dentro dele, mesmo sabendo que EU sou ELE, de forma inexorável. O que diferencia é que esse mundo que parecia previamente muito embaçado por diversos motivos anteriormente, começa a mostrar de fato o que é capaz de construir sem que eu perceba exatamente o que estou criando ou pensando. É como se fosse a matriz da resultante que agora lhes escreve, a base criadora e receptora de informação que transforma, deforma, reforma, constrói e reconstrói o mundo que eu vejo da maneira como eu vejo.

Boa Tarde.

Quanticum.

Sunday, March 02, 2008

O ser vai além do que se vê.

Boa Noite.

Eu penso, ás vezes, nas diversas energias que nos fazem da maneira como somos, tão diferentes nas nossas escolhas, mas tão similares na maneira como existimos uns com os outros. A força matriz, a natureza, da qual fazemos parte e tentamos nos convencer de que podemos nos libertar, caminha de forma linear, sem interrupções, produzindo as energias que sempre produziu, sendo agredida, é fato, mas se movimentando como sempre se movimentou: Fotossintetizando, esquentando e esfriando, se acalmando e se agitando. Acho que essa relação energética da natureza com o mundo produz, a todo momento, a nossa personalidade, o nosso modo de ver o mundo e interagir com ele. Conheci muita gente que questiona a importância de ciências como a astrologia. Eu acho simplesmente fantástico, posso estar falando besteira aqui, e me corrijam caso seja besteira mesmo, mas eu acredito que essas ciências estudam a relação da natureza e das energias dentro da atmosfera do tempo, e como isso modifica a maneira como nós vemos o mundo, as proteções que criamos, as dores que sentimos, as nossas pequenas fugas diárias, enfim, aquilo que nós escondemos dos outros e também aquilo que escondemos de nós mesmos.
O tempo não para, todas as energias se movimentam simultaneamente no espaço, existem meteoritos sendo destruídos, ar sendo condensado, planetas surgindo e acabando, os astros se atraindo e se repelindo, tudo acontecendo no segundo em que você, saindo de dentro da sua mãe, sente seu primeiro frio, sua primeira lufada de ar, sua primeira percepção do mundo, da luz, das cores, sua primeira visão! Esse momento constrói você de forma muito intensa, da forma mais intensa possível. É como aprender a ler, você percebe um lado da sua percepção que inexistia, e a partir daí você faz construções importantes sobre você mesmo, aprende-se a expor o que se é. O ser humano é constituído de suas percepções e dos seus conceitos construídos durante a vida, não as opiniões superficiais, mas as reações a tudo que se passa a cada momento.
Daí é que vem as maneiras como nos identificamos com aquilo que nos atinge a face durante a caminhada da vida, aquilo que nos incomoda e aquilo que nos agrada. A natureza continua se reproduzindo e se entrecruzando, e nós vamos repetindo-a. Enquanto esse movimento natural continuar existindo, a energia que nos rodeia vai continuar influenciando a maneira como os nossos olhos vêem as coisas, não só no momento em que nascemos, mas durante toda a vida.

Eu tenho uma amiga que parece um gato. Imagino o furacão que não devia estar o mundo quando ela nasceu.

Boa Noite!

Quanticum.