Friday, January 19, 2007

A Clockwork Orange - Homem x Mente.

Bom dia.

Acabei de assistir Laranja Mecânica, do Stanley Kubrick.Existem considerações tão fantásticas no filme, sobre o poder da mente e a essência humana, que eu precisei vir escrever aqui, no blog.

O filme conta a história de um jovem, que transita em duas situações: Na primeira, é um jovem violento, psicótico, e ao mesmo tempo inteligente, digamos, esperto. Na segunda, um jovem apático, fraco, á beira de um ataque fatal ao menor sinal de violência.Tudo isso por causa da perda de sua selvageria, sua loucura, sua condição natural de ser humano animal.

O que o homem possui, que pode ser maior do que os outros animais, digo, qual o diferencial?Os homens não podem voar, não tem a melhor visão do reino animal, não se locomovem muito rapidamente, não tem brânquias, não tem garras.Os únicos diferenciais do homem são a capacidade de criar, e o sentimento de medo que pode causar em outros animais, ou até mesmo no próprio homem.Nós podemos ser os mais rápidos, os mais fortes, os mais temidos, criando, ou matando.

Quando esse diferencial é tirado de Alex, o mesmo se torna um homem em branco.Seu instinto, sua essência violenta enquanto homem, era o que fazia com que ele fosse, de fato, um homem.O cérebro sofre, no filme, uma descarga tão violenta de informações, de medos, e de imagens estranhas, que entra em estado de congestão, causando em Alex náuseas, enjôos, sempre que se referem aquilo que instiga o seu instinto humano.O cérebro bloqueia a informação com essa dor interminável, no momento em que ela é acionada.Laranja Mecânica mostra a briga do homem contra o seu próprio cérebro.Uma luta impossível, interminável, e extremamente dolorosa.

Talvez o homem não seja evoluído, e talvez nunca poderá ser tão evoluído ao ponto de perder seus instintos, ou até mesmo conseguir sobreviver da maneira que Alex sobrevive.Laranja Mecânica mostra também o quanto o ser humano pode ser um animal primitivo, no momento em que sua proteção, seja ela a violência ou qualquer outro sentimento é retirado do mesmo.É uma reflexão profunda sobre a nossa condição natural, será que somos mesmo tão intocáveis, tão seguros das nossas qualidades, tão fortes?De acordo com Kubrick, não somos.Em alguns momentos, nosso próprio corpo nos mostra isso.O cérebro humano é um elemento valiosíssimo, que nos proporciona a possiblidade de criar e de compreender certas coisas de maneiras diferentes, talvez nem sempre certas, mas diferentes.Essa é a nossa grande qualidade, a capacidade de pensar em uma coisa de diversas maneiras, sob várias óticas.Porém, uma das grandes características do homem, na minha opinião, é a instabilidade.Se existe a qualidade e possibilidade da criação, existe também a da destruição.E, a depender do estado em que nos encontramos, podem ser muito mais desastrosas, e é nesse momento que entram os nossos instintos.O "elemento destruição" é o que impera em Alex, e que imperava também em Beethoven, esquizofrênico, e talvez por isso combinem tão bem juntos.A loucura está presente no cérebro, tanto quanto está a genialidade e a inteligência.O louco não é desequilibrado, é apenas instintivo, e por isso é incompreendido.

Todos nós somos um pouco loucos, um pouco gênios, um pouco inteligentes, quando alguém é mais algumas coisa, sempre atrai a atenção.Alex é como Kubrick, um louco genial, que bebe leite em vez de álcool, e usa sua mente no estado mais instintivo possível.Qualquer homem retirado de seu estado natural sofre sequelas incalculáveis.E a mente, elemento central de toda trama, e de qualquer homem, está novamente presente.

Bom Dia.

Quanticum.

1 comment:

Anonymous said...

Nossa, A clockwork orange é um CLÁSSICO. Tanto o filme quanto o livro. Já li e re-li, vi e re-vi várias vezes. Parabéns pelo bom gosto.
abraço