Saturday, April 14, 2007

Ser vivo?

Boa Noite.

Depois de tanto tempo sem postar, a minha reflexão mais recente.


Antes de expor a minha opinião sobre o tema, eu gostaria que você, leitor, parasse pra pensar por alguns minutos nas coisas que você tem, que você usa, ingere, e gosta.Do que são feitas suas roupas?Seus objetos, acessórios, sua mesa, sua cama, seu caderno, seu computador, sua tevê, seu aparelho de som, seu iPOD, seus cds, seus dvds, e todas as coisas que você tem?

Suas roupas são de algodão ou poliéster.Sua mesa provavelmente é de madeira.Seu computador, sua tevê e seu aparelho de som de plástico e metal, entre outras coisas.Seu iPOD, de plástico.Seu caderno, papel.Sua cama de madeira ou metal, colchão de algodão ou alguma material do tipo,entre outras muitas coisas.

O homem e a natureza sempre viveram uma relação peculiar desde o começo dos tempos.Para sobreviver, o homem sempre necessitou da natureza, e até hoje necessita.Toda criação, construção, idéia, se baseia, de algum modo, na natureza.Por mais moderno que você seja, por mais novas e tecnologicamente impressionantes suas coisas sejam, elas ainda são feitas de matérias primas naturais.O prato mais caro do restaurante francês mais famoso usa comida de animais, temperos naturais, ervas, condimentos naturais.

A questão é que não existe o "anatural".Toda criação concreta é baseada em materiais da natureza.É um grande paradigma, não?O grande homem, senhor da razão e da verdade, com cajado em punho, sentado no seu trono de Ser Humano Racional e Evoluído, tem que baixar a cabeça á natureza, que oferece, de bom grado, todo o material para a criação.É como se a natureza "brincasse" conosco, compreendem?Enquanto nós criamos e observamos orgulhosos tudo que fizemos, a natureza sorri, esperando o momento em que todos possam entender que a mesma é quem nos fez.

E eis que surge a grande ironia: O próprio homem é parte e criação da natureza.É inútil tentar correr dessa verdade.É inútil tentar vencer a natureza, pois com a sua destruição, destrói-se também o próprio homem.Me vejo confuso ao pensar nisso, e acredito que você também, leitor.De que adianta acabar com os recursos pra criar mais materiais de consumo, pois se todos nós morrermos, não haverá ninguém pra consumir, nem pra gastar o dinheiro?

Não se confudam, eu não apóio o desuso da natureza, nem uma restrição total da produção mundial, ou erradicação da produção e do comércio.Pelo contrário, acho que a engrenagem deve continuar funcionando.Se você para pra pensar, a minha opinião não é contraditória, pois para fazer com que o mundo continue funcionando por um bom tempo, o homem deve aprender a equilibrar sua produção com o ritmo da natureza.O grande problema é a imposição de um ritmo que não é natural, ainda mais pra um organismo tão bem organizado e harmonioso como a natureza.Ao contrário do que muitos pensam, isso pode, sim, ser feito.

A terra é, ainda, abundante em muitos recursos, principalmente os renováveis, obviamente.Se houver um equilíbrio do ritmo produtivo e uma conscientização ao menos emergencial, o mundo pode durar muito mais.A natureza é, de fato, invencível, e ás vezes parece até mesmo ser compreensiva com o seu filho mais novo, o homem.Para ficar vivo, basta-se ser um ser vivo.

Boa Noite.

Quanticum.

8 comments:

Anonymous said...

E subindo a ladeira pra ir pra casa...


Maldita ambição que torna esse fácil equilíbrio tão distante.
E como muitos, morrerei sem entender porque isso acontece.

Preciso mesmo dizer que ficou ótimo?

;**

Anonymous said...

minha mãe fala isso pra gente todo dia desde que eu era pequena =) boa antevisão né não?
amei seu texto e sua reflexão

beijos

Anonymous said...

é o famigerado desenvolvimento sustentável! Bom texto =)
Vamo marcar de tomar uma cerveja e refletir. Chama Argôlo
Abraço

Pedro Tanure said...

Nós sabemos muito bem que somos parte da natureza. Ela mesma nos dotou de uma incrível habilidade de raciocinar. Mas por que insistimos em sermos tão burros? A questão talvez seja que o homem não gosta de abdicar de seus gozos para tentar ser politicamente correto. E isso acontece no dia-a-dia, só é meio difícil de perceber. Assim, os grandes e poderosos não querem mexer a bunda e mudar a forma como se produz e consome. Deve gastar menos dinheiro, e impede que a economia se retraia, para que, num futuro relativamente distante, voltasse a crescer, de uma forma mais sustentável.

Adianta culpas os grandes? Não, já que nós também temos culpa disso. Compramos muito porque queremos, às vezes compramos porque precisamos, mas sabemos muito bem que, ao colocar gasolina nos carros ou amassar uma latinha e jogá-la no chão, não contribuimos em nada para o planeta. Reitero o que disse: o homem não gosta de abdicar de seus gozos para tentar ser politicamente correto. Dói muito, o cotidiano mudaria drasticamente, e talvez não seria tão divertido quanto é. Só me preocupo com nossas proles, que vão herdar o verdadeiro Pecado Original, e vão ter que se virar pra continuar sobrevivendo.

O buraco é bem lá embaixo, mas não estamos de todo perdidos.

Anonymous said...

Sua última frase me lembra Drummond: "mas haverá remédio para existir, senão existir?".

*Mas você sabia que ela escreve? (depois dessa, com certeza eu morro)

Anonymous said...

Tentei ser sutil para conservar minha cabeça.Vi a hora de Van me degolar.
Mas também, como ela pode querer nos poupar da sua arte?

Unknown said...

seus textos são deliciosos de ler. idéias claras, contexto limpo e compreensível.




.já me peguei pensando justamente no que foi citado no seu texto. nos objetos ao meu redor e de que eles são feitos, como surgiram; é uma reflexão bem interessante, o começo de tudo e de todas coisas. esse inventos monstruosos que um dia foram apenas um pedaço de ávore ou planta. espetacular.

pensar nessas coisas pra mim é um hobby.
muito bom o texto!
beijão b a n n a i a n o!

Anonymous said...

Foi um verde disfarçado de azul.
hehe