Sunday, February 11, 2007

Luto.

Boa Tarde.

Eu estava lendo a Veja dessa semana, falando sobre o João Hélio, garoto arrastado pelas ruas do Rio, amarrado ao cinto de segurança, durante um assalto na rua.Como sempre, me veio a vontade de despejar essa informaçao, essa opinião.

O acontecimento com esse garoto mostra como um estado pode se desestabilizar tao facilmente.Uma instituiçao tao segura, tao estável, pode cair em mãos erradas a qualquer momento.João Hélio é mais uma prova da bipolarização do caos no Rio.Quando alguém, que pertence a classe média, com condições de "sobrevivencia social" mais alta, é atingido, imediatamente a repercussão entra em cena, de maneira extremamente forte.É um absurdo que aconteçam coisas assim, de maneira tao leviana, tao banal.

Mas devemos virar os nossos olhos para uma face da situação que é de difícil aceitação.Como incluir, nesse absurdo, as pessoas que estão, muitas vezes, sofrendo mais na pele?As empregadas domésticas que morrem voltando do trabalho, os meninos que morrem no morro, voltando da escola, sem falar nos meninos que "trabalham" para o tráfico, que são vítimas físicas e psicológicas.É difícil ficar triste por todas essas pessoas?É uma questao de saber igualar as coisas.Eu não acho que a morte de João Hélio deva ser vista com menor importancia, mas acredito que é imprescindível ter noção do tamanho do problema.Será que devemos continuar sem nos mexer, de alguma forma, se expressar pra tentar fazer alguma coisa?Quantos garotos de classe média, e de classe baixa vão ter que morrer pra isso?Eu acho que o alarde da mídia é importante, necessário, sim.Mas acho que a voz que tem de trabalhar para que isso mude, quem tem que reinvindicar uma atitude, somos nós, as pessoas.Afinal, as hierarquias política e sociais se mostram cada vez mais incapazes, e submissas ao sistema que se implantou no Rio.Eu não moro no Rio, e por isso a situação seja diferente, já que eu me encontro fora disso.Mas é absurda não somente a situação do Estado carioca, mas a morte de um garoto.Que poderia ter sido em Salvador, no Rio, em São Paulo, até mesmo em Manaus, teria sido o filho de alguém, o irmão de alguém, o amigo de alguém.E é isso que queremos evitar, mais mortes como a de João Hélio.Me recuso a fechar os olhos para isso, quando um dia pode ser o meu primo, o meu tio, a minha amiga, que mora no rio, a pessoa que aparece na capa da Veja.

Eu adoro o meu país, não sou um nacionalista, mas tenho afeição pelas cores, pelas belezas e pelas pessoas do Brasil.Quando acontece algo tão brutal como aconteceu, me vejo perdido sem saber quem é o culpado.As pessoas, ou o sistema onde nós vivemos.Me vejo ainda mais perdido ao saber que não existe culpado, existem culpados, o plural mais inconsequente que poderia existir.É importante que nós cuidemos dessa situação, ou pode ser o nosso filho que morra dessa maneira, ou de maneira pior.

Quanticum.

3 comments:

bistap said...

fim da linha?

Anonymous said...

complicado comentar..
o pior é acreditar que as coisas só tendem a piorar.

Anonymous said...

Eu conversava com meu pai sobre esse caso anteontem, eu acho...
Realmente estranho que as pessoas se sensibilizem com casos isolados como este. Não é certo comparar uma situação com a outra dizendo qual a pior, a mais brutal, e a menos escandalosa e cruel, mas é certo q casos tão absurdos como esse acontecem todos os dias, e niguém se dá conta que a realidade é essa.
Precisa um menino, vale frisar, de classe média morrer pra as pessoas acordarem.