Friday, December 28, 2007

O início.

Boa Tarde.

Tenho muito mais dificuldade em iniciar
Do que em concluir um poema.
O início é vacilante e arriscado
É escarlate de sangue quente
Chora feito um condenado
Berra um tom de quase gente.
Já o fim, por outro lado
É a insuficiência
Respiratória, renal
É câncer e diabetes
É a secreção, a consequência
Dos versos ditos pela metade.
O final vive num asilo
Numa poltrona coberta
Por lençóis rotos que um dia foram belos
E agora confortam um corpo, um peso quase morto.
Vivo apenas por aqueles que a ele ainda amam,
O final é o sofrimento do excremento dos nossos erros
É o reflexo do que fomos pelo que agora somos.
Toda a escuridão do fim
É o cansaço da luz que brilhou por muito tempo
E que apaga guardando o brilho
Dentro do coração do ser
A tristeza do final
Só existe se há mal
Na maneira do viver.
A consequência mais inconsequente do ser
A volúpia mais intensa do coração
A explosão mais interna de emoção
É a dinamite do surgir.
Só se parte, se se chega
E só se parte se uma parte
Do seu partir for o nascimento.
Por isso, nem sei se concluo de verdade
Mas utilizo o mais alto artifício
Mesmo com toda a dificuldade
Eu termino o meu poema com: Início.

Não é mole ser gente.

Boa Tarde.

Quanticum.

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